quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O que faz a Igreja durante a Sé Vacante?



Cidade do Vaticano – Segundo a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, 84: Em tempo de Sé Vacante, e sobretudo durante o período em que se desenvolve a eleição do sucessor de Pedro, a Igreja está unida em modo todo particular com os sagrados Pastores e especialmente com os Cardeais eleitores do Sumo Pontífice e implora a Deus o novo papa como dom de sua bondade e Providência.

À exemplo da primeira comunidade cristã, da qual se fala no Ato dos Apóstolos (cf. At 1,14), a Igreja Universal, espiritualmente unida com Maria, Mãe de Jesus, deve perseverar unanimemente na oração; assim, a eleição do novo Pontífice não será um fato isolado do Povo de Deus e dizendo respeito somente ao Colégio dos eleitores, mas, num certo sentido, uma ação de toda a Igreja. Estabeleço, por isto, que em todas as cidades e nos outros lugares, pelo menos os mais distintos, assim que se tenha a notícia da vacância da Sé Apostólica e, de modo particular, da morte do Pontífice, após a celebração das solenes exéquias, se elevem humildes e insistentes orações ao Senhor (cf. Mt 21,22; Mc 11,24), para que ilumine a alma dos eleitores e os torne assim concordes na sua tarefa, que se obtenha uma solícita, unânime e frutuosa eleição, como exige a saúde das almas e o bem de todo o Povo de Deus.

85. Recomendo isto em modo vivíssimo e cordialíssimo ao veneráveis Padres Cardeais que, em razão da idade, não gozam mais do direito de participar à eleição do Sumo Pontífice. Pelo especialíssimo vínculo com a Sé Apostólica que a púrpura cardinalícia comporta, se coloquem a frente do Povo de Deus, reunido particularmente nas Basílicas Patriarcais da Cidade de Roma e também nos lugares de culto das outras Igrejas Particulares, porque com a oração assídua e intensa, sobretudo enquanto se desenvolve a eleição, se obtenha do Onipotente Deus a assistência e a luz do Espírito Santo necessária aos Irmãos eleitores, participando assim eficazmente e realmente ao árduo trabalho de prover a Igreja universal de seu Pastor.

86. Peço, depois, àquele que será eleito de não subtrair-se à tarefa a qual é chamado, pelo temor do seu peso, mas, de submeter-se ao desígnio da vontade divina. Deus, de fato, ao impor-lhe o ônus, o sustenta com sua mão, para que ele não seja incapaz de carregá-lo; ao conferir a ele o árduo encargo, Ele também lhe ajuda a carregá-lo e, dando-lhe dignidade, lhe dá também a força de não falhar sob o peso da tarefa.

Fonte: Rádio Vaticano

sábado, 16 de fevereiro de 2013

A infalibilidade papal


O Catolicismo defende que o Papa é infalível, incapaz de errar, quando ensina uma doutrina de fé ou moral à igreja universal, em seu exclusivo ofício de cabeça suprema. Quando o Papa declara sua autoridade oficial em questões de fé e moral, para toda a Igreja, o Espírito Santo o livra do erro. 

A infalibilidade não significa que o Papa não pode cometer nenhum erro. Ele não é infalível em questões científicas, históricas, políticas, filosóficas, geográficas ou outras quaisquer - somente em fé e moral. Isto se resume em confiança. Os católicos creem que o Espírito Santo os protege de serem ensinados ou forçados a crer em doutrinas errôneas, evitando que o Papa os emita. Embora isto seja tão sutil como fazê-lo mudar de ideia, por Deus castigá-lo, os católicos creem piamente que Deus os ama e ama a verdade tanto que interviria e evitaria um Papa de impor uma instrução falsa sobre toda a Igreja. Isto não significa que, pessoal e individualmente, o Papa seja livre de todo erro. Ele pode, privadamente, estar errado, contanto que não tente impor ou ensinar tal erro à Igreja universal (em todo o mundo), pois o Espírito Santo iria impedi-lo de alguma maneira. 

Então, o que significa infalibilidade?

Infalibilidade é largamente incompreendida. Ela não é a mesma coisa que a crença católica da inspiração ou impecabilidade. 

Inspiração é um dom especial do Espírito Santo, que Ele deu aos autores sagrados, aqueles que escreveram as Escrituras Sagradas (a Bíblia), para que somente as coisas que Deus quisesse fossem escritas - nem mais nem menos. Então, o Papa não é inspirado, mas Mateus, Marcos, Lucas e João foram, quando escreveram seus Evangelhos. 

Impecabilidade é a ausência e incapacidade de cometer pecados. Somente Jesus Cristo, sendo o filho de Deus, e sua abençoada mãe possuíam a impecabilidade, então eles eram incapazes de cometer pecados. Isto, por acaso, é visível no caso do primeiro Papa, São Pedro, quando negou Cristo três vezes antes da crucificação (Mateus 26:69-75). 

Tudo o que os autores sagrados escreveram na Bíblia é inspirado, mas nem tudo o que os Papas dizem ou escrevem é infalível. Infalibilidade significa que, se o Papa tenta ensinar uma falsa doutrina, fé ou moral, o Espírito Santo o impede (até mesmo pela morte) de impor tal erro aos fiéis. Então, por exemplo, nenhum Papa pode declarar: "De hoje em diante, o número dos Mandamentos é nove, em vez de dez." Ele também não pode declarar que "Jesus não foi um homem" ou que "Jesus não era o filho de Deus." 

Infalibilidade também não significa perfeito. Declarações infalíveis não são declarações perfeitas, então podem ser melhoradas de forma que os próximos Papas possam usar linguagem melhor e mais precisa. Ainda, declarações infalíveis não podem jamais ser contraditas, rejeitadas ou refutadas. 


Então, de acordo com o catolicismo, um papa imoral (você encontrará diversos na história da igreja) pode pecar como qualquer outro homem e ira responder a Deus por seus maus atos. Entretanto, como a cabeça suprema da igreja, o Papa possui infalibilidade em assuntos de fé moral enquanto for Papa. 

Nenhum Papa, em 2000 anos, ensinou oficial e formalmente um erro a respeito da fé e moral à Igreja. Individualmente, alguns podem ter sido teólogos ou filósofos pobres e inadequados, e alguns podem ter tido ideias errôneas sobre ciência. Isto não tem nada a ver com a infalibilidade papal, mas talvez com o principal objetivo de preservar a integridade da fé católica em todos os membros, de todos os tempos e lugares. 

O Papa pode exercer sua infalibilidade de duas maneias. Uma é chamada de Magistério Extraordinário e outro é chamado de Magistério Ordinário (vamos falar sobre ambos em uma outra postagem). A palavra magistério vem da palavra latina magister, que significa professor; então o Magistério é a autoridade de ensino da Igreja, que reside única e somente no Papa e seus bispos em todo o mundo. 

sábado, 2 de fevereiro de 2013

A Intercessão dos Santos

Algumas pessoas perguntam se a intercessão dos santos é uma realidade 




A Igreja sempre acreditou que as pessoas, que morreram perfeitamente santas, imediatamente vão para o céu; isto é, para a comunhão com Deus. Nos primórdios do Cristianismo, os cristãos já celebravam Santas Missas sobre túmulos de mártires, suplicando-lhes a intercessão.

Mesmo no Antigo Testamento, já encontramos uma base bíblica com referência à intercessão dos que já estão na glória de Deus. Isso está no segundo livro de Macabeus. O povo judeu estava em guerra contra os gentios na época em que era liderado por Judas Macabeus. Para levantar o ânimo dos guerreiros, Judas contou-lhes a visão que teve, na qual Onias, sacerdote já falecido e Jeremias, intercediam por eles:
"Narrou-lhes ainda uma visão digna de fé uma espécie de visão que os cumulou de alegria. Eis o que vira: Onias, que foi sumo sacerdote, homem nobre e bom, modesto em seu aspecto, de caráter ameno, distinto em sua linguagem e exercitado desde menino na prática de todas as virtudes, com as mãos levantadas, orava por todo o povo judeu.

Em seguida havia aparecido do mesmo modo um homem com os cabelos todos brancos, de aparência muito venerável, e nimbado por uma admirável e magnífica majestade. Então, tomando a palavra, disse-lhe Onias: Eis o amigo de seus irmãos, aquele que reza muito pelo povo e pela cidade santa, Jeremias, o profeta de Deus. E Jeremias, estendendo a mão, entregou a Judas uma espada de ouro, e, ao dar-lhe, disse: Toma esta santa espada que Deus te concede e com a qual esmagarás os inimigos." (2Mac 15, 11-15) 

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina no §956:
"Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós junto ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por seguinte, pela fraterna solicitude deles, a nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio" (LG 49).

São Domingos de Gusmão, moribundo, afirma a seus irmãos:
"Não choreis! Ser-vos-ei mais útil após a minha morte e ajudar-vos-ei mais eficazmente do que durante a minha vida".

E Santa Teresinha do Menino Jesus também confirma isso antes de morrer, dizendo: "Passarei meu céu fazendo bem na terra".
A Tradição da Igreja está repleta de confirmações sobre a intercessão dos santos. Vejamos o que afirmam outros importantes santos.

São Jerônimo (340-420), doutor da Igreja, declara:
"Se os Apóstolos e mártires, enquanto estavam em sua carne mortal, e ainda necessitados de cuidar de si, ainda podiam orar pelos outros, muito mais agora que já receberam a coroa de suas vitórias e triunfos. Moisés, um só homem, alcançou de Deus o perdão para 600 mil homens armados; e Estevão, para seus perseguidores. Serão menos poderosos agora que reinam com Cristo? São Paulo diz que com suas orações salvara a vida de 276 homens, que seguiam com ele no navio [naufrágio na ilha de Malta]. E depois de sua morte, cessará sua boca e não pronunciará uma só palavra em favor daqueles que no mundo, por seu intermédio, creram no Evangelho?" (Adv. Vigil. 6)

Santo Hilário de Poitiers (310-367), bispo e doutor da Igreja, garantia que:
"Aos que fizeram tudo o que tiveram ao seu alcance para permanecer fiéis, não lhes faltará, nem a guarda dos anjos nem a proteção dos santos".

São Cirilo de Jerusalém (315-386), bispo de Jerusalém e doutor da Igreja, também afirmava que:
"Comemoramos os que adormeceram no Senhor antes de nós: Patriarcas, profetas, Apóstolos e mártires; para que Deus, por sua intercessão e orações, se digne receber as nossas".

O Concílio de Trento (1545-1563) em sua 25ª Sessão, confirmou que:
"Os santos que reinam agora com Cristo, oram a Deus pelos homens. É bom e proveitoso invocá-los suplicantemente e recorrer às suas orações e intercessões, para que vos obtenham benefícios de Deus, por NSJC, único Redentor e Salvador nosso. São ímpios os que negam que se devam invocar os santos que já gozam da eterna felicidade no céu. Os que afirmam que eles não oram pelos homens, os que declaram que lhes pedir por cada um de nós em particular é idolatria, repugna à palavra de Deus e se opõe à honra de Jesus Cristo, único Mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2,5)".


Por tudo isso é que a Igreja ensina que devemos suplicar a intervenção dos santos. Essa, e especialmente a de Nossa Senhora, que é a mais poderosa de todas as intercessoras, não substitui a mediação única de Cristo; ao contrário, a reforça. Pois, sem a mediação única e indispensável de Cristo nenhuma outra intercessão teria valor, já que todas são feitas através de Jesus Cristo. Por isso, a Igreja não teme invocar os santos e suas preces por nós diante de Deus.

É por isso também que a Igreja recomenda que os pais coloquem nomes de santos em seus filhos, a fim de que tenham desde pequenos um patrono no céu.

Felipe Aquino