sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O Primado de Pedro

Introdução  


Uma das grandes razões de divergência entre católicos e protestantes diz respeito à legitimidade para a interpretação das Sagradas Escrituras. Para os seguidores da reforma, qualquer pessoa poderia ler e entender corretamente a bíblia, sem o auxílio de ninguém senão do Espírito Santo, que guiaria cada um infalivelmente na busca do verdadeiro significado da palavra divina. É o chamado livre exame da Bíblia, proposto pelo ex-frade Lutero.

Para os católicos, o legítimo intérprete das Escrituras (e também da Sagrada Tradição) é o papa, sucessor direto de São Pedro, pois Cristo confiou a ele esse ministério. Ao Papa, portanto, devem os católicos obediência em matéria de fé e moral, em função do poder divino a ele conferido.

Os protestantes, apesar de discutir as passagens discordantes da bíblia de forma crítica, acabam tendo que reconhecer que cada um, em conexão direta com Deus, tem a sua interpretação, a sua “verdade”, originando-se, dessa forma, o fenômeno da multiplicação das seitas que se constata a partir do século XVI, e que não cessou até hoje.

Cada seita seria uma manifestação de Deus; não importa se defende teses contrárias às das demais, desde que mantenha a “fé” em Cristo. Essa “fé” na verdade se traduziria por um “sentir Cristo”; portanto, trata-se de um ato da vontade e não da inteligência.

A doutrina católica, ao contrário, reconhece que a fé é a adesão da inteligência às verdades reveladas por Deus. Sendo verdades, elas não podem variar nem segundo a pessoa que as interpreta, nem segundo a época, pois a verdade é imutável.

Cabe ao papa guiar os fiéis nos ensinamentos de Cristo confiados à Igreja em depósito, o qual não pode ser alterado até a consumação dos séculos.
Importa pois saber qual das duas visões corresponde à vontade divina, pois aí teremos resolvido o problema da interpretação da Bíblia Sagrada, que é motivo de divergência entre católicos e protestantes. Examinemos pois, em primeiro lugar, as Escrituras.

Os protestantes afirmam que, para defender a posição católica, só existiria uma passagem do Evangelho de São Mateus (XVI, 16-19), a qual não possui paralelo com os dois outros Evangelhos que descrevem a mesma cena, de interpretação duvidosa.

Pedro seria como os demais apóstolos, diferindo apenas no caráter agressivo, o que faria com que liderasse os demais, seguindo e obedecendo a Cristo. Entretanto, Nosso Senhor não teria conferido qualquer primado a Pedro entre os Apóstolos.

O que o Evangelho mostra, entretanto, é que Pedro ocupava um lugar de destaque no colégio Apostólico, e que Cristo fez a ele a promessa da primazia entre os apóstolos, para que, uma vez confirmado, confirmasse os seus irmãos (Lc XXII,32). Utilizaremos na maior parte da demonstração dessa verdade o esquema do livro Igreja, Reforma e Civilização, do Pe. Leonel Franca, Ed. Agir, 6a edição.

Pedro é o mais citado pelos Evangelistas

Podemos constatar a proeminência de São Pedro entre os Apóstolos, em primeiro lugar, pela quantidade de vezes que ele é nomeado nos Evangelhos: vários já fizeram notar que os evangelistas fazem referência a Pedro 171 vezes (114 nos evangelhos e 57 nos Atos dos Apóstolos), enquanto que do apóstolo amado, São João, fazem 46 citações. 


É o que se poderia chamar de prova estatística, pois mostra como os Evangelistas consideravam a figura do príncipe dos apóstolos, destacada desde cedo pela autoridade de Cristo.
Veremos mais adiante que São Pedro não é apenas nomeado maior número de vezes, mas principalmente em citações que denotam importância, e que o critério numérico simplesmente serve para reforçar este.

Para impugnar esse argumento, alguns fazem notar que São Paulo é nomeado 160 vezes nos Atos dos Apóstolos, onde Pedro aparece 57 vezes, e que portanto, por esse critério, São Paulo teria mais direito ao título de papa.

Entretanto, o que importa demonstrar, com isso, é que houve um que foi destacado entre os doze apóstolos, designado por Cristo para guiar os demais.
Essa questão diz respeito aos primeiros seguidores de Cristo, e quando o Apóstolo das Gentes se converteu, ela já estava decidida. Só Nosso Senhor poderia nomear um seu representante com tal poder e autoridade.

Cristo muda o nome de Simão para Pedro

Outro destaque exclusivo de Pedro é que Cristo, ao chamá-lo a uma nova e superior vocação, lhe atribui curiosamente um novo nome, que carrega o significado poderoso de, ao mesmo tempo, chefe e fundamento da nova sociedade que terá por missão espalhar os ensinamentos do Mestre pelos quatro cantos do mundo. “Este (André) encontrou primeiro seu irmão Simão, e disse-lhe: Encontramos o Messias. E levou-o a Jesus. E Jesus, fixando nele o olhar, disse: Tu és Simão, filho de João, tu serás chamado Cefas, que quer dizer Pedro (Pedra)” (S. João, I, 41-42).

Analisemos em primeiro lugar a mudança do nome: quantas vezes, em toda a Escritura, Deus muda o nome de alguém? Se são poucas as vezes, conclui-se que esse ato é solene, dada a sua excepcionalidade, que faz concluir a gravidade daquilo que o motivou.

Ora, em toda a Sagrada Escritura Deus muda apenas três vezes o nome de homens, sempre para destacar a dignidade de uma vocação superior: primeiro, muda o nome de Abrão para Abraão, tornando-o o patriarca fiel a Deus e recompensado com a Antiga Aliança e a promessa de uma descendência pujante (Gênesis, XVII, 5-8). O segundo eleito é Jacó, a quem Deus nomeia Israel, renovando as promessas feitas ao avô em relação ao povo judeu. A mais nenhum Deus concede esse privilégio, nem a Reis nem a Profetas, que foram tantos e com tal Santidade! No Antigo Testamento, Deus sela a Aliança com seu povo escolhendo e mudando o nome dos Patriarcas, mostrando de forma inequívoca que unge – separa – seus eleitos.

Nosso Senhor então, na plenitude dos tempos, quando a humanidade se encontra preparada para a grande obra da Redenção, vai novamente distinguir aqueles com quem firmará a Nova e Eterna Aliança, mudando o nome do seu Patriarca, que deverá apascentar seus cordeiros e ovelhas pelos séculos, prometendo-lhe Sua assistência infalível. E muda seu nome não para um qualquer, mas para Pedro (Cefas, que em aramaico – língua falada por Nosso Senhor – quer dizer Rocha), mostrando que sua Igreja não seria fundada sobre areia.

Esse é um fato muitas vezes esquecido, ou relegado a um plano inferior, porém tem uma importância enorme, pois demonstra que Pedro deveria ter entre os Apóstolos uma distinção de honra, incompatível com uma ideia de igualdade entre os doze. Notemos que nem São Paulo mereceu tal honra.

Cristo prefere a barca de São Pedro

Outro aspecto interessante da distinção de Pedro diz respeito a sua barca, que desde muito cedo foi interpretada pelos Santos Padres como símbolo da Igreja, unicamente na qual podem se salvar os homens.

Cristo, na sua pregação evangélica, prefere invariavelmente a barca de Pedro. Na verdade, não se nomeia expressamente outra barca de que Cristo tenha se servido.
É na barca de Pedro que ocorre a pesca milagrosa, de uma simbologia extremamente significativa (S. Lucas, V, 3-6). Outra pesca milagrosa irá ocorrer após a ressureição, no lago de Tiberíades, de novo na barca de Pedro (João, XXI, 3,7, 11). A barca de Pedro é chamada de “a barca”, por antonomásia, em outras passagens (Mateus, VIII, 23; XIV, 22; Marcos, IV, 36; VI, 45), em oposição às “outras barcas” (Marcos, IV, 36)

Tiremos a conclusão obrigatória: fora da Barca de Pedro não se acha Cristo.

A casa de Pedro em Cafarnaum e o tributo

Dois fatos aparentemente corriqueiros da vida de Cristo se juntam às evidências até aqui acumuladas, e dizem respeito à proximidade do mestre a Pedro. Primeiro, observa-se pelos Evangelhos que, quando Cristo se demora em Cafarnaum, é na casa de Pedro que se hospeda. “Ao sair da Sinagoga, Jesus e os que o seguiam se dirigiram à casa de Pedro e André …” (Marcos, I,29; Mateus, VIII, 14; Lucas, IV, 38), e que mais tarde, à porta da casa (de Pedro) Jesus fazia milagres. São Marcos, em outras ocasiões, sem mencionar outra casa, diz simplesmente que o Mestre se dirigiu “à casa” e “para casa” (Marcos, II,1; III,20; IX, 32).

É curiosa a diferença nas narrações de São Marcos e São Mateus desse mesmo episódio: este usando artigo – na casa; aquele sem o usar – em casa.
O sentido da primeira expressão é o mesmo que tem, para os franceses, o chez moi, ou seja, em minha casa. Seria um fato estranho São Marcos falar de sua casa, se não soubéssemos ter sido o evangelista discípulo de Pedro. Ao repetir o que ouviu do Apóstolo, ele utiliza a expressão de quem falava da própria casa. São Mateus fala da casa não com sentido próprio, pois falava da casa de outrem. Curioso ainda é que quando os evangelistas falam da casa de Cristo, se referindo à de Nazaré, usam ambos o artigo, evidenciando o detalhe sutil e extremamente probatório da passagem.
Portanto, o Evangelho de S. Marcos demonstra que, em Cafarnaum, Cristo se hospedava na casa de Pedro.

O segundo fato, que está estreitamente ligado ao primeiro, é que Cristo manda pagar o tributo do templo por si e por Pedro, quando os coletores de impostos vão à casa deste cobrar pelo Mestre ” … vosso mestre não paga a didracma? Ele (Pedro) respondeu-lhes: sim. E depois que entrou em casa , Jesus o preveniu, dizendo: Que te parece Simão? De quem recebem os reis da terra o tributo ou o censo? De seus filhos ou de estranhos? E Ele (Pedro) respondeu: dos estranhos. Disse-lhe Jesus: logo são isentos os filhos. Todavia, para que os não escandalizemos, vai ao mar e lança o anzol, e o primeiro peixe que subir toma-o, e, abrindo-lhe a boca, acharás dentro um estater: tira-o e dá-lho por mim e por ti.”(Mateus, XVII, 24-27).
Esse é um sinal tão distintivo da preferência de Nosso Senhor pelo apóstolo, que os demais, logo que Pedro se afasta, cercam o mestre para saber quem seria o maior no reino dos céus (Mateus, XVIII, 1).

Sobre esse texto, Clemente de Alexandria exclamava: “Bem aventurado Pedro, o escolhido, o preferido, o primeiro dos discípulos, único pelo qual Cristo pagou tributo.” (Qui dives Salvetur, 21, Migne, Patrologia serie Grega, IX, 625. – citado pelo Padre Leonel Franca).

A lista dos Apóstolos

Todas as vezes que os evangelistas nomeavam os doze apóstolos, o faziam invariavelmente começando por Pedro e terminando por Judas, com os demais ocupando lugares diferentes (S. Mateus, X, 2-4, S. Marcos, III, 16-19, S. Lucas, VI, 14-16, Atos, I, 13).

Se não é difícil imaginar o porquê do último lugar ao traidor, também não o é o primeiro para Pedro. São Mateus é explícito: “Primeiro, Simão que se chama Pedro.” (S. Mateus, X, 2-4).
Primeiro em quê? Em idade, em chamado para a vocação? Nem um, nem outro.

Se fosse correta a primeira hipótese, a ordem dos demais seria sempre a mesma, e se o fosse a segunda, André e outro discípulo seriam os primeiros nas listas (S. João, I, 35-42).
Em ocasiões excepcionais da vida de Cristo, três apóstolos sempre O acompanhavam: Pedro e outros dois. Na ressurreição da filha de Jairo, na manifestação de sua onipotência, na agonia do jardim das oliveiras, no mistério de suas dores, eles estiveram presentes (Marcos, V, 37; IX, 1; XIV, 33 e outros paralelos).

Às vezes, todo o Colégio Apostólico segue a Pedro numa expressão coletiva: “Pedro e os que o acompanhavam” (Marcos, I, 36).
Lemos também no evangelho de S. João que é Pedro quem responde por todos na questão da explicação de Cristo sobre a necessidade de se comer sua carne e beber o seu sangue (portanto, da presença real de Cristo na hóstia), ocasião em que alguns discípulos abandonaram o Mestre.
Depois que Pedro se pronuncia, ninguém mais abandona Cristo.

A grande promessa

Um dos motivos da grande resistência à primazia de Pedro é o fato dele não ter exercido nenhum poder entre os Apóstolos mesmo após as palavras de Cristo que lhe teriam dado esse poder.
O que não entendem os inimigos do papado é que Cristo fez uma promessa a Pedro, e não uma nomeação imediata. Não faria sentido Cristo designar Pedro para que guiasse as almas enquanto Ele estivesse no mundo.

Se os Apóstolos e Discípulos se questionavam quem seria o primeiro, ou o maior no reino, era porque pouco entendiam do que Nosso Senhor ensinava por serem almas toscas, e não porque haveria dúvida acerca da primazia. Essa questão já estava definida.

Para que se compreenda, vejamos o seguinte fato: que verdade estaria mais clara para os discípulos de Cristo, do que o caráter transcendental do seu reino? Nosso Senhor continuamente lhes dizia que seu reino não era deste mundo; no entanto, pouco antes da Ascensão aos Céus, um discípulo pergunta se Cristo iria restituir o reino de Israel naquele momento (Atos, I, 7)!

A mãe de Tiago e João pede um lugar de destaque no reino para os filhos (S. Mateus, XX, 24); quando os discípulos disputavam para ver quem era o maior, Cristo os repreendeu dizendo que “Entre os gentios, os reis exercem dominação sobre os súditos. Entre vós, não há de ser assim; antes, o que é maior entre vós faça-se como o menor, e o que manda como o que serve.” (S. Lucas, XXII, 25-27).
Com isso Cristo ensina uma nova forma de exercer a autoridade, mais perfeita, e não pretende combater a primazia daquele que manda, pois aplica a regra de humildade a si mesmo; em outra passagem (S. João, XIII, 13), o mesmo Cristo se diz Mestre e Senhor; aquele pois, que é mestre, sirva para dar o exemplo e praticar a humildade, e não para deixar de ser mestre.

O “Tu es Petrus”

Se todos esses episódios nos servem para reconstituir o quadro da predileção por Pedro, a passagem da grande promessa é o momento solene da confirmação dessa vocação singular. Cristo dirige-se a Pedro, após sua maravilhosa profissão de fé (“Que dizem os homens de mim (…) que dizeis vós?” “Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo”!), e confirma sua promessa: “Bem aventurado és Simão Barjona, porque não foi a carne e o sangue que a ti revelou, mas sim meu Pai que está nos céus, e eu digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela. E eu te darei as chaves do reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado também nos céus”(S.Mateus, XVI, 16-19)
Nunca houve texto mais deturpado, mais recortado e refeito, na busca desesperada de alterar-lhe o sentido, que se apresenta simples. Para os protestantes, Cristo estaria falando de duas pedras. A primeira pedra (“tu és pedra”) não é pedra; no máximo, é uma pedra menor, diferente da segunda (“sobre esta pedra”). A primeira é Pedro, a segunda, Cristo, ou a confissão de Pedro, conforme o examinador. 

Porém, o texto se dirige todo a Pedro – “tu és Pedro…”; “eu te darei as chaves…”; “tudo que (tu) ligares…” – em resposta à sua confissão, como um prêmio pela sua defesa pública da fé. O texto não traz qualquer interrupção lógica, para passar a se referir a Nosso Senhor. Se assim fosse, a frase ficaria sem sentido: “tu és Pedro, mas não edificarei a minha Igreja sobre ti, senão sobre mim; as chaves do céu porém te darei.”

Ora, é impossível admitir que a Sabedoria Divina tenha se expressado de forma tão confusa, ainda mais se nos lembrarmos da mudança do nome de Pedro. Lembremos ainda que Cristo falava em aramaico, língua em que Pedro e pedra significam, ambos, Cefas. Não resta qualquer espaço para dúvidas.

Mas, dirão ainda os protestantes: em várias passagens se diz que Cristo é a pedra, o fundamento! Não há dúvida. Mas só Cristo é pedra? Vejamos o que Nosso Senhor diz:”eu sou a luz do mundo” (S. João, VIII, 12) e depois: “Vós sois a luz do mundo”, dirigindo-se aos apóstolos (Mateus, V, 15).

Duas luzes? Sim. Há, portanto, luz e luz, pedra e pedra. Uma luz fonte, outra luz reflexo; uma pedra fundamento invisível, causa e fim dos homens, outra pedra fundamento visível, rocha de sustentação da Igreja indefectível e guia infalível dos homens.

Mas não é necessário prolongar a explicação de algo tão evidente, que mesmo alguns protestantes mais honestos já reconheceram. Reproduzimos apenas uma citação feita pelo padre Franca – P. F. Jalaguier, em seu L’Eglise, Paris 1899, p. 219: “Nous nous plaçons encore ici sur le terrain qui leur est le plus favorable (aos católicos) parce qui’ll est à nos yeux le seul vrai; et nous admettons que ce passage renferme une promesse spéciale fait à Saint Pierre” ["Nós nos colocamos ainda aqui num terreno que lhe é mais favorável (aos católicos) porque ele é, a nossos olhos, o único verdadeiro; e nós admitimos que essa passagem contém uma promessa especial feita a Pedro"] .

As chaves do reino dos céus 


A doação das chaves indica o poder conferido a alguém de abrir ou cerrar o acesso da casa, da cidade, do reino, sendo costume entre os orientais o suspender as chaves aos ombros em sinal de autoridade.

Não há dúvida de que Cristo confere a Pedro um poder singular, que sempre foi entendido na Igreja como poder infalível (o que ligar na terra, será ligado no céu) e condicionado à vontade divina (o papa não força Deus a ligar ou desligar, mas só pode ligar ou desligar o que Deus quer no céu), e que foi ratificado no Concílio Vaticano I, no século XIX, com a solene proclamação do dogma da Infalibilidade Papal.

Os protestantes freqüentemente atacam esse dogma por desvirtuarem estas duas verdades – o ligar e desligar condicionado, e a ratificação (e não invenção) do dogma;
Na verdade, Cristo não poderia ter agido de outra forma, se quisesse que sua Igreja triunfasse durante os séculos, senão conferindo ao pastor universal, Seu representante na Terra, um poder infalível.

Se esse poder fosse falível, como esperar que não perecesse?

É exatamente o que ocorre com as seitas derivadas do movimento reformador de Lutero, surgindo e desaparecendo aos borbotões.

O “Pasce oves mea”

Como se isso tudo não bastasse, temos ainda o trecho soleníssimo em que Cristo confia o seu rebanho a Pedro, dando-lhe portanto seu poder de jurisdição sobre os cristãos.
A Pedro, e a ninguém mais, é confiado o pastoreio das ovelhas e dos cordeiros, a que nosso Senhor pede três vezes a confirmação de Pedro, e três vezes o confirma: “Disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes? Respondeu-lhe Pedro: Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo. Disse-lhe (Jesus): Apascenta os meus cordeiros. Disse-lhe outra vez: Simão, filho de João, tu me amas? Ele disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo. Disse-lhe (Jesus): Apascenta os meus cordeiros. Disse-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Ficou triste Pedro, porque pela terceira vez, disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo. Disse-lhe (Jesus): Apascenta as minhas ovelhas.” (S. João, XXI, 15-17)

Ora, Cristo não possuía nem cordeiros nem ovelhas. O que Ele confia a Pedro é seu rebanho de almas, constituindo-o seu pastor.
Aqui novamente temos Pastor e pastor, pois Nosso Senhor é o bom pastor. Alguns tentam reduzir esse episódio a uma mera reconciliação do Apóstolo com Cristo, após a tríplice negação de Pedro na casa de Anás e Caifás, antes da crucificação de Cristo. Porém, esquecem-se que após a Ressurreição, é a Pedro que Cristo aparece primeiro (São Lucas XXIV, 34), mostrando que a traição não fizera Pedro perder sua primazia: Cristo continua considerando Pedro o primeiro.

Cristo, sem dúvida, fez Pedro compreender o horror do pecado e o perigo de não se fugir da ocasião de pecado. O Evangelho nos conta que Pedro chorou amargamente. De fato, que dor não deve ter experimentado o Apóstolo, ao cair num pecado justamente contrário à virtude que mais vemos presente nele: a defesa pública da verdade, o desafiar o respeito humano. Aliás, essa virtude ele que irá praticar em grau heroico a partir de então, dando sua vida pela expansão da Igreja.

Unicamente em relação a Pedro, portanto, vemos a significativa mudança do nome, a sempre testemunhada primazia entre os Apóstolos, o pagamento do tributo, o uso exclusivo de sua casa em Cafarnaum e de sua barca, a promessa solene de ser fundamento da Igreja, a entrega das chaves do reino dos céus, a nomeação para o pastoreio dos fiéis.
E há aqueles ainda que não vêem diferenças entre os doze apóstolos!

Para esses, resta a esperança da promessa de Cristo, de que poderia das pedras fazer filhos de Abraão. Para isso, porém, terão que aceitar que Cristo, de um filho de Abraão, fez Pedra.
São Pedro, após a ascensão de Cristo, assumirá seu dever de pastor universal, conduzindo a Igreja nascente. Após sua morte, será substituído, no decorrer dos séculos, pelos seus legítimos sucessores, os papas, até a consumação dos tempos, sob a assistência infalível de Cristo.
Da qual trataremos num próximo artigo.

Fonte: MONTFORT Associação Cultural

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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Por que temos imagens de Jesus Crucificado?


“Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que n'Ele crerem tenham a vida eterna” (Jo 3,14-15). A Cruz recorda o Cristo Crucificado, o maior Sacrifício de todos, o seu martírio que nos deu a Salvação. Por isso é que, desde tempos antiquíssimos, a Igreja passou a celebrar, exaltar e venerar a Cruz, inclusive, como símbolo da árvore da vida que se contrapõe à árvore do pecado no paraíso, e símbolo mais perfeito da serpente de bronze que Moisés levantou no deserto para curar os israelitas picados pelas cobras porque O Filho do Homem nela levantado cura o homem todo e todos os homens, o corpo e a alma dos que nEle creem e lhes dá a vida eterna. 

Até o Calvário, a cruz fora tida como sinal de vergonha, maldição, execração. Com a crucifixão de Cristo, desde então, ela se tornou símbolo de triunfo e vitória. Se da cruz vinha a maldição e a morte, agora, da cruz vem todo o bem e toda a graça. A cruz não é uma divindade, um ídolo, feito de madeira, barro, bronze, mas ela é para nós santa e sagrada, porque dela pendeu o Salvador dos Céus e da Terra. Ela é o símbolo universal do cristão.

Com orgulho e devoção ela é a nossa marca, o sinal de nossa identidade. Traçando o sinal da cruz em nossa fronte, a todo o momento, nós louvamos e bendizemos a Santíssima Trindade, Pai e Filho e Espírito Santo, agradecendo o tão grande bem e amor que pela Cruz o Senhor continua a derramar sobre nós. 


"A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina." (I Coríntios 1, 18)

"Os judeus pedem milagres, os gregos reclamam a sabedoria; mas nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos;" (I Coríntios 1, 22-23)

"Na realidade, pela fé eu morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à cruz de Cristo."
(Gálatas 2, 19)

"Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim." (S. Mateus 10, 38)

"Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me" (S. Mateus 16; 24 )

“E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim” (S. Mateus 10, 38)

“E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo” (S. Lucas 14, 27)

"Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus." 

"Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo." (Gálatas 6, 14)

"Julguei não dever saber coisa alguma entre vós, senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado." (1 Coríntios 2; 2)

“Porque há muitos por aí de quem repetidas vezes vos tenho falado e agora digo chorando que se portam como INIMIGOS da CRUZ de Cristo” (Filipenses 3, 18)

“Espoliou os principados e potestades e os expôs ao ridículo, triunfando dele pela CRUZ” (Colossenses 2, 15)

“Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o Evangelho; e isso sem recorrer à habilidade da arte oratória, para que não se desvirtue a cruz de Cristo.” (I Coríntios 1, 17)

“Se é verdade, irmãos, que ainda prego a circuncisão, por que, então, sou perseguido? Assim o escândalo da cruz teria cessado!” (Gálatas 5, 11)

"Os que vos obrigam à circuncisão são homens que se querem impor, só para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo" (Gálatas 6, 12)

“Reconciliá-los ambos com Deus, reunidos num só corpo pela virtude da cruz, aniquilando nela a inimizade.” (Efésios 2, 16).

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Católicos e protestantes - o que dizem as estatísticas?

Nos dias em que o Rio de Janeiro sediou a 28ª Jornada Mundial da Juventude, reunindo um público de aproximadamente 3,5 milhões de jovens católicos, a mídia tem focado nos números que separam fiéis católicos e protestantes - que são adeptos ao cristianismo, mas que seguem doutrinas diferentes. Mas as perguntas que ficam: como devemos analisar essa situação? Existe mesmo uma queda acentuada de fiéis da Igreja Católica? É o que nós vamos buscar entender agora. 

Como pode o protestantismo estar crescendo no Brasil se eles todos são divididos entre si? 

A igreja Universal do Reino de Deus não  segue a mesma doutrina proposta pela Assembléia de Deus; A Congregação Cristã do Brasil é contra alguns ensinamentos da igreja Adventista; Já a igreja Adventista não aceita a doutrina pregada pelos Testemunhas de Jeová, que por sua vez são contra as doutrinas da igreja Batista, e assim por diante...  


Como pode o protestantismo estar crescendo se não existe unidade entre os protestantes? 

Vejam bem, muitas pessoas já ouviram de algum pregador protestante a famosa expressão: “Nós somos o povo de DEUS e representamos 30% da população brasileira”. 

Primeiro - não são 30%. São 22% segundo estatísticas de pesquisas recentes realizadas pelo Datafolha e Ibope, sendo que 6.000.000, aproximadamente, integram o grupo dos “sem igreja” (que não seguem fielmente uma doutrina específica), e neste caso os 22% chegam a representar algo em torno dos 19%. De 30% anunciados pelos pregadores televisivos para 19% existe uma diferença bem grande. 

Segundo - tais pregadores que falam do “Povo de DEUS” não possuem condições de avaliar o que cada fiel, em cada denominação, crê e pratica. Como assim? Ora, nos GARANTE que todos os protestantes SÃO PRATICANTES? Estamos falando de centenas de denominações protestantes.

Terceiro - neste suposto “Povo de DEUS” estão incluídos aqueles que são acusados de heresias por outros pregadores. 

Sim. Não há um pregador que não acuse outros pregadores de heresias e não há um pregador que não tenha sido chamado de herege por outros pregadores protestantes. 


Vale lembrar que na década passada, Edir Macedo, Valdemiro Santiago, Silas Malafaia e RR Soares defendiam o mesmo ponto de vista. Hoje não mais. Agora cada um fundou a sua igreja. É cada um no seu quadrado, fazendo críticas e acusações sérias entre si. No entanto, quando surgem as estatísticas, como em um passe de mágica, todos voltam a ser “Povo de DEUS”, “raça eleita” e “Irmãos em Cristo.”

Como isto é possível, a não ser pelo fato de que o protestante crê na salvação pelo rótulo?

Ora, entre os 22% de evangélicos espalhados pelo país estão aqueles que pertencem à denominação cujo líder é favorável ao aborto. Encontram-se dentro deste percentual também aqueles que acreditam que o Papa João Paulo II era a besta do apocalipse. Erraram feio, mas ainda que sejam falsos profetas continuam sendo respeitados, com pessoas parando para escutar o que esses falsos “ungidos” pregam.

Dentro desse percentual encontram-se ainda aqueles que integram a denominação que defende a heresia de Ário. Encontram-se ainda os praticantes do evangelho judaizante, os defensores do casamento entre pessoas do mesmo sexo, os defensores do divórcio e aqueles que pregam a teologia da prosperidade… 


A estes grupos acrescentamos os “sem igreja”, os defensores da “teologia da determinação” e aqueles que praticam unção do cachorro, unção da vassoura, unção do helicóptero, unção do zoológico e unção da galinha, entre tantos outros grupos.

Que unidade "evangélica" é essa desse suposto “Povo de Deus”? Estariam todos “salvos”, sendo tão divergentes entre si?

Nestes 22% que se autodenominam “Povo de DEUS” estão aqueles que disseram que muitos dos cantores evangélicos são endemoniados. E curiosamente encontram-se também nos mesmos 22% os ditos endemoniados que, negando a acusação, dizem que seus algozes estão desesperados com a fuga de fiéis.

É incrível! Só no protestantismo tal ocorrência é possível. Integram o grupo dos “salvos” os acusados de terem demônios e seus acusadores. E todos se reconhecem como “irmãos em Cristo”. Vamos considerar a máxima: “Se todos estão salvos, o que lhes favorece tal condição, mesmo que sejam divergentes entre si, e mesmo que uns acusem outros de heresias”?

A primeira coisa a considerarmos é que se todos acusam alguém no meio como hereges e todos são chamados de hereges em algum momento, podemos afirmar, categoricamente, que para o protestante heresia protestante não condena ninguém ao inferno.

Temos ainda no meio protestante quem goste da transferência de unção. Já tem doutrinador negando que Jesus Cristo é DEUS, mas apenas uma criação deste mesmo DEUS. Outros tantos praticam a doutrina que "determina" a vitória em nome de Jesus. Outros professam um Jesus patrocinador e adepto de dízimos no débito automático, um Jesus que assina diploma de dizimistas. Tem até Jesus operador de TV a cabo. Que horror! As opções são muitas no protestantismo. O que não falta ao protestante é criatividade. Tem “Jesus” para todos os gostos.  



Há também aqueles que praticam quebras de maldições e descarrego. Temos ainda a unção da lama ou do chifre. Temos Jesus protestante adepto de fogueiras santas e desafios financeiros. Tem a teologia da regressão ao útero materno. Diz o protestante: “Deve ser tremendoooooo!!!”.  Tem quem determina sua vitória e faça exigências a DEUS para que suas “necessidades” sejam atendidas (esse ganha em 99% das denominações protestantes). Tem até quem defenda que se deve tomar posição diante de DEUS. Não foi isto que Judas fez? Não foi ele que tomou posição diante do DEUS vivo?

Tem quem diz que DEUS irá restituir tudo que lhe foi tomado. Tomado por quem? DEUS está obrigado a restituir? Será que ele já não nos deu o bastante? Tem pregador com cobra enrolada no pescoço e tem quem batize em parque de diversões. Tem quem promova lutas para atrair público. Eu pensava que Jesus Cristo já era motivo mais do que suficiente para atrair as pessoas. 

Edir Macedo para fiel supostamente possuída pelo demônio:  “É você que tem tirado os pastores da Universal?”
Fiel:  “Eu me sinto bem no meu trono (na Igreja Mundial). Eu curo todo mundo.”
Edir Macedo:  “Quer dizer, demônio, que  você faz a festa lá no Valdemiro?”
Edir Macedo para fiel supostamente possuída pelo demônio:  “É você que tem tirado os pastores da Universal?”
Fiel:  “Eu me sinto bem no meu trono (na Igreja Mundial). Eu curo todo mundo.”
Edir Macedo:  “Quer dizer, demônio, que  você faz a festa lá no Valdemiro?”

E todos são “irmãos em Cristo”, todos engrossam o “Povo de DEUS”, todos aparecem nas estatísticas como 22% da população brasileira e todos, sem exceção, vibram com a possibilidade de chegarem aos 50% em 2040. Ou seja, ELES entram em guerras e depois para dizer que estão CRESCENDO se "unem". Em outras palavras, no meio protestante, quem não pratica tais doutrinas se faz cúmplice de tais obras, ao assumir a condição de religião única evangélica ou quando se declara “irmão em Cristo” de um daqueles.

Todos os protestantes creem da mesma forma? 

Definitivamente não. Um só DEUS. No protestantismo cada denominação ou cada cabeça cria seu próprio “deus” moldado conforme as necessidades pessoais. Basta fazer uma breve consulta em suas doutrinas e ensinamentos. Isso fez com que várias igrejas protestantes surgissem após a reforma criada por Martinho Lutero, no século XVI. Na época de Lutero, teve fundador de igreja protestante na Europa que chegou a matar várias de suas esposas. 

O que diz a bíblia sobre as igrejas?


Muitas pessoas costumam falar que "não importa a igreja que você segue, a denominação que você professa, o que vale é a sua fé e aceitar Jesus". Esta é uma afirmação enganosa. Foi Jesus Cristo, o Filho de Deus, quem instituiu uma ÚNICA Igreja:

"Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16,18)

Ou seja, Cristo fundou a Igreja e confiou ao apóstolo Pedro a missão de guiá-la. Pedro recebeu de Jesus as chaves do Reino. Passados 2000 anos, a Igreja Católica tem como seu líder o papa, Vigário de Cristo, sucessor de Pedro, e é a única instituição cristã que mantém uma sucessão apostólica ininterrupta. O cristão que professa a sua fé deve vivenciar na prática os ensinamentos de Deus, da Igreja e celebrar os 7 sacramentos bíblicos (batismo, eucaristia, penitência, crisma, matrimônio, ordem e unção dos enfermos). Assim, o cristão viverá em perfeita comunhão com Cristo.

A queda dos Católicos. Como encarar? 



(Gráfico utilizado pelo programa Fantástico, da TV Globo - 28/07/2013)

Podemos notar algo muito diferente entre Católicos e protestantes, além das divergências doutrinárias. O Católico é unido, mas o protestante nem tanto. Vejam bem, dentro da Igreja Católica existem várias pastorais, vários movimentos. Existem o grupo de fiéis conservadores, que participam da Santa Missa Tridentina, realizam procissões, terços antes da Missa. E na mesma Igreja temos a Renovação Carismática Católica, e o mais importante é que todos estão em perfeita comunhão, em unidade com a Santa Sé. Todos estes movimentos e pastorais estão, de certa forma, unidos e fazem parte de alguma diocese ou prelazia, guiados por um bispo diocesano, que por sua vez presta esclarecimentos ao bispo de Roma, ao Papa. Mesmo diante desta unidade, é inegável reconhecer que a Igreja perdeu uma parcela de fiéis. Ou talvez não. 


O professor de teologia da PUC-SP Mário Sérgio Cortella, avalia que houve uma reacomodação dos católicos nesses últimos anos em outras religiões. Na Europa, diz ele, a diminuição do número de católicos é significativa. Já na América Latina e Brasil, apesar da queda, há um aumento do cristianismo. "Especialmente no Brasil, a redução do número de fiéis tem que ser acompanhado junto com a diminuição das pessoas que não se sentem mais constrangidas em dizer que não são católicas. O mercado religioso no Brasil hoje é muito grande", diz". 

Em uma entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, o Papa Francisco levantou uma hipótese acerca desta realidade. Veja o que o Santo Padre disse: 



Não saberia explicar esse fenômeno. Vou levantar uma hipótese. Pra mim é fundamental a proximidade da Igreja. Porque a Igreja é mãe, e nem você nem eu conhecemos uma mãe por correspondência. A mãe... dá carinho, toca, beija, ama. Quando a Igreja, ocupada com mil coisas, se descuida dessa proximidade, se descuida disso e só se comunica com documentos, é como uma mãe que se comunica com seu filho por carta. Não sei se foi isso o que aconteceu no Brasil. Não sei, mas sei que em alguns lugares da Argentina que conheço isso aconteceu.”

A Igreja Católica no mundo 


A Igreja Católica cresce no mundo, sobretudo na África e Ásia, enquanto a Europa continua registrando sinais negativos: esse é o dado que se constata no Anuário Pontifício 2013, apresentado ao Papa na manhã de segunda-feira,13 de junho, pelo cardeal Secretário de Estado, Tarcisio Bertone, e pelo substituto dos Assuntos Gerais, dom Angelo Becciu.

A redação do novo Anuário foi feita sob os cuidados do encarregado do Setor Central de Estatística da Igreja, Mons. Vittorio Formenti, do Dr. Enrico Nenna e colaboradores. Nesse contexto foi também apresentado o Annuarium Statisticum Ecclesiae 2011, produzido sob os cuidados do referido Setor vaticano. 


O Papa Francisco agradeceu pelo volume a ele presenteado mostrando interesse pelos dados ilustrados e expressando gratidão a todos aqueles que colaboraram na nova edição dos dois anuários.

Observa-se que no Anuário Pontifício 2013 se encontra duas vezes o nome Bento XVI: a primeira na série dos Sumo Pontífices, a segunda na página dedicada à Diocese de Roma, Sé do Vigário de Cristo, na qual é definido Sumo Pontífice emérito.

Os católicos no mundo são 1 bilhão e 214 milhões (os dados referem-se a 2011); em 2010 eram 1 bilhão e 196 milhões. Portanto, houve um aumento relativo de 1,5%, e como esse crescimento resulta pouco superior ao da população mundial (1,23%), a presença dos católicos no mundo resulta substancialmente invariável (17,5%).

A análise territorial das variações no biênio mostra um aumento de 4,3 de católicos na África, que teve um crescimento populacional de 2,3%. Também no continente asiático foi registrado um aumento de católicos superior ao da população (2,0% contra 1,2%). Na América e na Europa verifica-se um gradual crescimento dos católicos e da população (0,3%).

Em 2011 o total dos católicos batizados é distribuído por continente da seguinte forma: 16,0% na África; 48,8% na América; 10,9% na Ásia; 23,5% na Europa e 0,8% na Oceania.

O número de bispos no mundo passou – de 2010 a 2011 – de 5.104 para 5.132, com um aumento de 0,55%. O incremento disse respeito, particularmente, à Oceania (+4,6%) e à África (+1,0%), enquanto a Ásia e a Europa se colocam pouco acima da média mundial. A América não registrou variações.

Diante de tais dinâmicas diferenciadas, todavia, a distribuição dos bispos por continente permaneceu substancialmente estável no último biênio 2010 - 2011, com América e Europa que, sozinhas, continuam representando quase 70% do total.

A presença dos sacerdotes – diocesanos e religiosos – no mundo aumentou no tempo, passando na última década dos 405.067 (31 de dezembro de 2001) para 413.418 (31 de dezembro de 2011), registrando um incremento de 2,1%.

Todavia, tal evolução não foi homogênea nas diferentes áreas geográficas. A dinâmica do número dos presbíteros na África e na Ásia resulta bastante confortadora, com + 39,5% e + 32,0% respectivamente (e com um incremento de mais de 3 mil unidades, para os dois continentes, somente em 2011); enquanto na América se mantém estacionária em torno de uma média de 122 mil unidades.

Contracorrente em relação à média mundial, a Europa registrou no mesmo período (2001 – 2011) uma diminuição de mais de 9% de presbíteros.

Por sua vez, os diáconos permanentes estão em forte expansão tanto em nível mundial quanto em cada continente, passando, ao todo, de mais de 29.000 em 2001 para 41.000 em 2011, com uma variação superior a 40%.

Europa e América registram tanto a consistência numérica mais significativa, quanto a tendência de crescimento maior.

De fato, os diáconos europeus, pouco mais de 9 mil em 2001, eram quase 14 mil em 2011, com um incremento de mais de 43%. Na América, de 19.100 em 2001 passaram para mais de 26.000 em 2011.

Estes dois continentes representam, sozinhos, 97,4% da consistência global, com o restante 2,6% subdividido entre África, Ásia e Oceania.

O grupo dos religiosos professos não sacerdotes consolidou-se no mesmo período, posicionando-se em pouco mais de 55 mil unidades em 2011.

Na África e na Ásia observam-se variações de +18,5% e de +44,9%, respectivamente. Em 2011 estes dois continentes representavam, ao todo, uma cota de mais de 36% do total (eram menos de 28% em 2001).

Inversamente, o grupo constituído por Europa (com variação de -18%), América (-3,6%) e Oceania (-21,9%) registrou redução de quase 8 pontos percentuais entre 2001 e 2011.

No que tange às religiosas professas observa-se uma dinâmica fortemente decrescente, com uma contração de 10% no período de 2001 a 2011.

Efetivamente, o número total de religiosas professas passou de mais de 792 mil unidades em 2001 para pouco mais de 713 mil dez anos depois. A queda concerne a três continentes (Europa, América e Oceania), com variações também relevantes (-22% na Europa, -21% na Oceania e -17% na América).

Na África e Ásia, ao invés, o incremento foi decididamente constante, superior a 28% no primeiro continente, e superior a 18% no segundo. Consequentemente, a fração das religiosas professas na África e Ásia no total mundial passou de 24,4% para 33%, em detrimento da Europa e da América, cuja incidência se reduziu, no conjunto, de 74% para 66%.

Os candidatos ao sacerdócio no mundo – diocesanos e religiosos – passaram de 112.244 em 2001 para 120.616 em 2011, com um incremento de 7,5%. O crescimento foi muito diferente nos vários continentes.

De fato, enquanto a África (+30,9%) e Ásia (+29,4%) mostraram dinâmicas evolutivas consistentes, a Europa e América registram uma contração de 21,7% e de 1,9%, respectivamente.

Consequentemente, observa-se um redimensionamento da contribuição do continente europeu para o crescimento potencial da renovação do quadro de sacerdotes, com uma cota que passa de 23,1% para 16,8%, frente a uma expansão dos continentes africano e asiático.

Durante 2012 e até a eleição do Papa Francisco foram criadas 11 Sedes Episcopais, 2 Ordinariatos Pessoais, 1 Vicariato Apostólico e 1 Prefeitura Apostólica; 1 Prelazia Territorial foi elevada a Diocese e 2 Exarcados Apostólicos foram elevadas a Eparquias.

sábado, 27 de julho de 2013

Bento XVI, o humilde servo da vinha do Senhor

Há oito anos se iniciava o pontificado de Bento XVI, como ele mesmo iria se definir, o "pobre e humilde servo da vinha do Senhor". Palavras estranhas para um mundo cada vez mais mergulhado na autossuficiência e no orgulho. Mas, passado todo esse tempo, o que ninguém pode negar é que Joseph Ratzinger realmente foi pobre e humilde, mesmo sendo quem era: o Arcebispo de uma Arquidiocese, o Prefeito de uma Congregação importante, o Papa. 


Na verdade, o que ele era, de fato, se resume nestas poucas palavras: um servo que fez o que deveria fazer (Lc 17, 10).
Joseph Ratzinger nunca foi do agrado da mídia. Não era alguém ávido por aplausos. Aliás, sempre criticou aqueles que o buscavam por pura "hipocrisia religiosa". O estimado teólogo se preocupava mais com Deus e com a melhor maneira de servi-lo. E por isso, não hesitava em agir contra sua vontade para fazer a de Seu Senhor. 


Não é de se espantar, por conseguinte, que diria aos seus colegas da Congregação para Doutrina da Fé a respeito da sua eleição como Bispo de Roma, que lhe acontecera o mesmo que Jesus dissera a Pedro: "Virás o dia em que serás conduzido a um lugar que não queres ir"(Jo 21, 18).

É claro que um homem assim causaria espanto no mundo, sobretudo naqueles seduzidos pelo prurido de escutar novidades (II Tm 4, 3). Quem se opõe ao erro está sujeito ao escarnecimento público, ao martírio da ridicularização. E isso foi o que menos faltou na vida de Ratzinger. Nazista, cardeal panzer, homofóbico, reacionário. A lista de calúnias é imensa. Todas vindas de um grupo que quer a Igreja prostrada diante do mundo, quando, na verdade, é o mundo que precisa se prostrar, pois é ele que está sujo pela miséria do pecado, da imundice, da podridão, da crise da queda do Éden. É o mundo que necessita da Igreja e dos seus Sacramentos.


Durante esses gloriosos oito anos de pontificado, poucos puderam perceber a grandeza e, ao mesmo tempo, a pequenez por detrás daquela batina branca. Bento XVI representa claramente o paradoxo do Cristianismo, comentado por Chesterton em sua "Ortodoxia". Todas aquelas vestes sacerdotais que enchiam os olhos dos que acompanhavam suas Missas, escondiam um homem de hábitos simples e humildes. Bento XVI sabia que tudo aquilo não era para ele, mas para um Outro:

"Se a Igreja deve continuar a converter, a humanizar o mundo, como pode, na sua liturgia, renunciar à beleza, que é unida de modo inseparável ao amor e, ao mesmo tempo, ao esplendor da Ressurreição? Não, os cristãos não devem se contentar facilmente, devem continuar fazendo de sua Igreja o lar do belo, portanto do verdadeiro, sem o que o mundo se torna o primeiro círculo do inferno". 


Durante suas viagens, sempre antecedidas de grandes barulhos da mídia anticlerical, Bento XVI tinha o dom de desarmar a qualquer um e fazê-los escutar. David Cameron, primeiro-ministro inglês, diria acerca da visita do Santo Padre ao Reino Unido em 2010 que "o Papa falou para um país de seis milhões de católicos, mas foi ouvido por 60 milhões de cidadãos". Vargas Llosa, Nobel de Literatura e agnóstico confesso, iria mais longe. Sobre a Jornada Mundial da Juventude em Madrid, Espanha, teria a humildade de reconhecer que foram dias "em que Deus parecia existir". 


Mas foi no Brasil, na sua visita à Fazenda da Esperança, um centro de recuperação de dependentes químicos, localizado em Pedrinhas-SP, que Bento XVI surpreenderia a todos. Sem avisar a equipe de segurança, o Santo Padre decidiu abrir caminho entre um público de 2 mil pessoas, dentre os quais, ex-traficantes, drogados, prostitutas e criminosos, para abraçá-los e abençoá-los. O gesto fez com que o ex-dependente químico Antônio Eleutério Neto dissesse que Bento XVI era "um homem de uma humildade muito grande, muito próximo de Deus, que desarmou a todos com o seu sorriso." 

                                       
Esse é o Papa Bento XVI. O homem da Palavra de Deus que evangelizou a todos através de seus gestos e discursos. Certamente, seu Ministério Petrino ficará marcado na história da Igreja recente como um dos mais importantes e fecundos para a espiritualidade cristã. Desde a sua contribuição teológica às suas ações pastorais. Que as próximas gerações possam encontrar neste tesouro deixado pelo Papa Emérito uma bússola segura para suas dúvidas e conflitos. Obrigado, Papa Emérito Bento XVI.

Padre Paulo Ricardo.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

10 Milagres Eucaristicos

A revista “Jesus” das Edições Paulinas de Roma, publicou uma matéria do escritor Antonio Gentili, em abril de 1983, pp. 64-67, onde apresenta uma resenha de milagres eucarísticos. Há tempos, foi traçado um “Mapa Eucarístico”, que registra o local e a data de mais de 130 milagres, metade dos quais ocorridos na Itália. São muitíssimos os milagres eucarísticos no mundo todo. Por exemplo, Marthe Robin, uma francesa, milagre eucarístico vivo, alimentou-se durante mais de quarenta anos só de Eucaristia. Teresa Newmann, na Alemanha, durante mais de 36 anos alimentou-se só de Eucaristia.

1 – Lanciano – Itália – no ano 700 


Em Lanciano – séc. VIII. Um monge da ordem de São Basílio estava celebrando na Igreja dos santos Degonciano e Domiciano. Terminada a Consagração, que ele realizara, a hóstia transformou-se em carne e o vinho em sangue depositado dentro do cálice. O exame das relíquias, segundo critérios rigorosamente científicos,, foi efetuado em 1970-71 e outra vez em 1981 pelo Professor Odoardo Linoli, catedrático de Anatomia e Histologia Patológica e Química e Microscopia Clínica, Coadjuvado pelo Professor Ruggero Bertelli, da Universidade de Siena. Resultados:

  • A hóstia é realmente constituída por fibras musculares estriadas, pertencentes ao miocárdio.


  • Quanto ao sangue, trata-se de genuíno sangue humano. Mais: o grupo sanguíneo ‘A’ que pertencem os vestígios de sangue, o sangue contido na carne e o sangue do cálice revelam tratar-se sempre do mesmo sangue grupo ‘AB’ (sangue comum aos Judeus). Este é também o grupo que o professor Pierluigi Baima Bollone, da universidade de Turim, identificou no Santo Sudário.


  • Apesar da sua antiguidade, a carne e o sangue se apresentam com uma estrutura de base intacta e sem sinais de alterações substanciais; este fenômeno se dá sem que tenham sido utilizadas substâncias ou outros fatores aptos a conservar a matéria humana, mas, ao contrário, apesar da ação dos mais variados agentes físicos, atmosféricos, ambientais e biológicos.


2 – Orvieto – Bolsena – Itália – 1263 


Jesus tinha pedido à Beata Juliana de Cornillon (†1258) a introdução da festa de “Corpus Domini” no calendário litúrgico da Igreja. O Pe. Pedro de Praga, da Boêmia, celebra uma Missa na cripta de Santa Cristina, em Bolsena, e então, ocorre o milagre: da hóstia consagrada caem gotas de sangue sobre o corporal… O Papa Urbano IV (1262´1264), residia em Orvieto e ordena ao Bispo Giacomo levar as relíquias de Bolsena a Orvieto. O Papa emitiu a Bula Transiturus de mundo, em 11/08/1264, onde prescreveu que na 5ª feira após a oitava de Pentecostes, seja celebrada a festa em honra do Corpo do Senhor. São Tomás de Aquino foi encarregado pelo Papa para compor o Ofício da celebração. Em 1290 foi construída a Catedral de Orvieto, chamada de “Lírio das Catedrais”.

3 – Ferrara – 28/03/1171

Aconteceu este milagre na Basílica de Santa Maria in Vado, no século XII. Propagava-se com perigo a heresia de Berengário de Tours (†1088), que negava a Presença real de Cristo na Eucaristia. Aos 28 de março de 1171, o Pe. Pedro de Verona, com três sacerdotes celebravam a Missa de Páscoa; no momento de partir o pão consagrado, a Hóstia se transformou em carne, da qual saiu um fluxo de sangue que atingiu a parte superior do altar, cujas marcas são visíveis ainda hoje. Há documentos que narram o fato: um “Breve’ do Cardeal Migliatori (1404). – Bula de Eugênio IV (1442), cujo original foi encontrado em Roma em 1975. Mas, a descoberta mais importante deu-se em Londres, em 1981, foi encontrado um documento de 1197 narrando o fato.

4 – Offida – Itália – 1273 


Ricciarella Stasio – devota imprudente, realizava práticas supersticiosas com a Eucaristia; em uma dessas profanações, a Hóstia se transformou em carne e sangue. Foram entregues ao pe. Giacomo Diattollevi, e são conservadas até hoje. Há muitos testemunhos históricos sobre este fato.

5 – Sena – Cáscia – Itália – 1330 


Hoje este milagre é celebrado em Cássia, terra de Santa Rita de Cássia. Em 1330, um sacerdote foi levar o viático a um enfermo e colocou indevidamente, de maneira apressada e irreverente, uma Hóstia dentro do seu Breviário para levá-la ao doente grave. No momento da Comunhão, abriu o livro e viu que a Hóstia se liquefez e, quase reduzida a sangue, molhou as páginas do Livro. Então o sacerdote negligente apressou-se a entregar o livro e a Hóstia a um frade agostiniano de Sena, o qual levou para Perúgia a pagina manchada de sangue e para Cáscia a outra página onde a Hóstia ficou presa. A primeira página perdeu-se em 1866 mas a relíquia chamada de “Corpus Domini” é atualmente venerada na basílica de Santa Rita.

6 – Turim – Itália – 1453

Na Alta Itália ocorria uma uma guerra furiosa pelo ducado de Milão. Os Piemonteses saquearam a cidade; ao chegarem a Igreja, forçaram o Tabernáculo. Tiraram o ostensório de prata, no qual se guardava o corpo de Cristo ocultando-no dentro de uma carruagem juntamente com os outros objetos roubados, e dirigiram-se para Turim. Crônicas antigas relatam que, na altura da Igreja de São Silvestre, o cavalo parou bruscamente a carruagem – o que ocasionou a queda, por terra, do ostensório – o ostensório se levantou nos ares “com grande esplendor e com raios que pareciam os do sol”. Os espectadores chamaram o Bispo da cidade, Ludovico Romagnano, que foi prontamente ao local do prodígio. Quando chegou, “O ostensório caiu por terra, ficando o corpo de Cristo nos ares a emitir raios refulgentes”. O Bispo, diante dos fatos, pediu que lhe levassem um cálice. Dentro do cálice, desceu a hóstia, que foi levada para a catedral com grande solenidade. Era o dia 9 de junho de 1453. Existem testemunhos contemporâneos do acontecimento (Atti Capitolari de 1454 a 1456). A Igreja de “Corpus Domini” (1609), que até hoje atesta o prodígio.

7 – Sena – Itália – 1730


Na Basília de São Francisco, em Sena, pátria de Santa Catarina de Sena, durante a noite de 14 para 15 de março de 1730, foram jogadas no chão 223 hóstias consagradas, por ladrões que roubaram o cibório de prata onde elas estavam. Dois dias depois, as Hóstias foram achadas em caixa de esmolas misturas com dinheiro. Elas foram limpadas e guardadas na Basílica de São Francisco; ninguém as consumiu; e logo o milagre aconteceu visto que com o passar do tempo as Hóstias não se estragaram, o que é um grande milagre. A partir de 1914 foram feitos exames químicos que comprovaram pão em perfeito estado de conservação.

8 – Milagre Eucarístico de Santarém – Portugal (1247)


Aconteceu no dia 16 de fevereiro de 1247, em Santarém, 65 km ao norte de Lisboa. O milagre se deu com uma dona de casa, Euvira, casada com Pero Moniz, a qual sofrendo com a infidelidade do marido, decidiu consultar uma bruxa judia que morava perto da igreja da Graça. Esta bruxa prometeu-lhe resolver o problema se como pagamento recebesse uma Hóstia Consagrada. Para obter a Hóstia, a mulher fingiu-se de doente e enganou o padre da igreja de S. Estevão, que lhe deu a sagrada Comunhão num dia de semana. Assim que ela recebeu a Hóstia, sem o padre notar, colocou-a nas dobras do seu véu. De imediato a Hóstia começou a sangrar. Assustada, a mulher correu para casa na Rua das Esteiras, perto da Igreja e escondeu o véu e a Hóstia numa arca de cedro onde guardava os linhos lavados. À noite o casal foi acordado com uma visão espetacular de Anjos em adoração à sagrada Hóstia sangrando. Varias investigações eclesiásticas foram feitas durante 750 anos. As realizadas em 1340 e 1612 provaram a sua autenticidade. Em 5 de abril de 1997, por decreto de D. Antonio Francisco Marques, Bispo de Santarém, a Igreja de S. Estevão, onde está a relíquia, foi elevada a Santuário Eucarístico do Santíssimo Sangue.

9 – Faverney, na França, em 1600


O Milagre Eucarístico que aconteceu em Faverney, na França consistiu numa notável demonstração sobrenatural de superação da lei da gravidade. Faverney está localizado a 20 quilômetros de Vesoul, distante 68,7 quilômetros de Besançon.Um dos noviços chamado Hudelot, notou que o Ostensório que se encontrava junto Santíssimo Sacramento sobre o Altar, elevou-se e ficou suspenso no ar e que as chamas se inclinavam e não tocavam nele. Os Frades Capuchinhos de Vesoul também apressaram-se para observar e testemunhar o fenômeno. Embora os monges com a ajuda do povo, conseguiram apagar o incêndio que queria consumir toda a Igreja, o Milagre não cessou, o Ostensório com JESUS Sacramentado continuou flutuando no espaço.

10 – Em Stich, Alemanha, 1970

Na região Bávara da Alemanha, junto à fronteira suíça, em 9 de junho de 1970, enquanto um padre visitante da Suíça estava celebrando uma Missa numa capela, uma série incomum de eventos aconteceu. Depois da Consagração, o celebrante notou que uma pequena mancha avermelhada começou a aparecer no corporal, no lugar onde o cálice tinha estado descansando. Desejando saber se o cálice tinha começado a vazar, o padre correu a mão dele debaixo do cálice, mas achou-o completamente seco. A esta altura, a mancha crescera, atingindo o tamanho de uma moeda de dez centavos. Depois de completar a Missa, o padre inspecionou todo o altar, mas não conseguiu encontrar qualquer coisa que pudesse ser remotamente a fonte da mancha avermelhada. Ele trancou o corporal que apresentava a mancha num local seguro, até que pudesse discutir o assunto com o pároco.

Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br

Hóstia que sangra: arquidiocese mexicana investiga ocorrido da última quarta, 24 


"Este é um momento de grande benção para a comunidade e para o mundo inteiro", foi o que afirmou o sacerdote José Dolores Castellano Gudiño, conhecido na região como padre Lolo, a respeito do possível milagre eucarístico ocorrido na última quarta-feira, 24 de junho, em sua paróquia, no qual o sangue brotou de uma hóstia consagrada.

Em meio a músicas, aplausos e lágrimas, muitos fiéis católicos e também não católicos têm se aglomerado na paróquia de "Maria Madre de la Iglesia" (Maria, Mãe da Igreja), localizada em Jardines de la Paz (em Guadalajara, no México), para testemunharem e registrarem este momento único.

Um clarão e uma voz

Eram 12h (hora local), no mesmo dia do acontecimento, em que o sacerdote estava fazendo sua oração diária, rezando diante do Santíssimo Sacramento, quando de repente viu um clarão, e uma voz lhe deu algumas indicações:

"Toque os sinos para as participarem e bençãos serão derramadas para aqueles que estejam presentes todo o dia. Leve seu pequeno sacrário e coloque-o no altar da paróquia, ao lado do sacrário do templo e não abra-o até as três da tarde, quando ocorrerá um milagre eucarístico no qual será chamado 'Milagre da Eucaristia na Encarnação do Amor junto de nossa Mãe e Senhora'".

Depois "a voz" disse-lhe para transmitir aos "apóstolos" (sacerdotes) para atendê-los em sua conversão e todas as almas se encheriam de bençãos. 

Um padre emocionado

O padre Lolo disse que não conseguia dizer uma palavra para esta voz, mas disse apenas: "Meu Senhor, sou teu servo, a tua vontade". Sem conseguir esconder a voz embargada pela emoção, o sacerdote continuou a narrar o acontecimento:

Fiz o que me foi ordenado, pedi para abrir as portas do templo às 14h30 e também ordenei que fizessem os sinos soarem. Peguei em minha capela privada este humilde tabernáculo de madeira e coloquei-o no altar, e pedi que as pessoas, por volta das 15h, se reunissem para rezar diante do Santíssimo Santíssimo. Às três horas da tarde foi abrir o sacrário, e a hóstia consagrada estava banhada em sangue".

Em 24 de julho

O sacerdote explicou que Jesus deseja que adoremos seu Corpo e Sangue juntos à sua Mãe Santíssima e no dia 24 de junho este milagre foi realizado, como queria que se chamasse: "Milagre da Eucaristia na Encarnação do Amor junto de nossa Mãe e Senhora".

"[A voz] também me disse que deveria ser erguido na comunidade nicho onde todos pudessem realizar a adoração, e que se em algum momento quiserem enviar para serem realizados estudos, que levem uma parte para que realizem todos os estudos que quiserem".

Por fim o sacerdote disse que "Ele [Jesus] está aqui presente e eu transmito só o que ouvi, junto daqueles que viram o que eu também vi".

Uma multidão devota

Mais de 4 mil fiéis passaram durante toda a tarde e noite na paróquia de testemunharem o fato. Ontem, 25 de julho, foi celebrada uma missa na comunidade paroquial, e, em seguida, o sacrário foi retirado do tempo para que a arquidiocese de Guadalajara possa investigar o ocorrido.

Os motivos da retirada foram confirmados em uma nota da assessoria de imprensa da arquidiocese. Segundo a nota, "a Igreja, nestes casos, pede que se jugue com muita prudência e moderação um acontecimento como este, com a finalidade de dar a veracidade ou não do ocorrido. A Igreja agirá com muito cuidado para chegar à confirmação se, de fato, trata-se de um milagre eucarístico".

A nota ainda assinala que durante o primeiro dia da exibição pública da chamada "hóstia sangrenta", era evidente o transtorno causado dentro do templo, em que ocorreram gritos e empurrões de adultos e crianças que queria chegar ao altar e testemunhar o possível milagre.

Por fim, o comunicado da imprensa da arquidiocese afirma que serão realizadas as investigações cabíveis, que serão confiadas a especialistas, para que possam ser anunciados os resultados.

"O cardeal arcebispo (Francisco Robles) indicou que a hóstia apresenta algumas particularidades especiais e preferiu não manter a exposição ao público para que sejam realizados os estudos necessários, para garantir ou não se trata-se de um milagre", disse o vigário geral da arquidiocese de Guadalajara.

Um sacerdote apreciado pelos paroquianos

A imprensa mexicana tem recorrido à revista da arquidiocese afim de obter mais informações da paróquia e do sacerdote José Castellanos, de 45 anos, no qual está confiada. Tem se percebido o sentimento dos paroquianos que têm boa imagem de seu pastor: atribuída a um "aumento da fé" na comunidade, por seu trabalho em "reconciliação e busca da verdade".

Uma paróquia muito eucarística

O padre Lolo escreveu em um informativo da paróquia que "temos uma participação grande da juventude comprometida, responsável e trabalhadora". São jovens participativos, que frequentemente se aproximam do Sacramento da Reconciliação. Têm muitas necessidades espirituais. É também uma comunidade eucarística, onde o Santíssimo Sacramento é exposto durante todo o dia, e nunca é deixado sozinho. (VH)

Com informações de Religión en Libertad. 

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